AGORA FALAN
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AGORA FALAN
v-,' "fl^ fk / MAIO 1978 S. PAULO aniiNEERii Ajudü .1 ni.nui-t o MU jornal Colnhorc tom C$ 5,00 ORGAO DE DIVULGAÇÃO DA FEABESP — Rua Maria José 450 — Bela Vista SP. I " No último dia 29, tivemos um sábado movimentado 12 MAI 1994 para a moçada negra, paulista, pois estavam ocorrendo grandes bailes em diversos clubes S na cidade. Tivemos Carlos Dafé e Corrente de Força no Palmeiras, trazido pela Equipe Chie Show; Jorge Ben e a Banda do Zé Pretinho no Tucuruvi, pela Equipe Sideral e Toni Tomado no Esporte Clube de Vila Mariana pela Equipe Manequins. Ao todo tivemos aproximadamente quinze mil pessoas, em sua maioria negros, participando nas diversas festas. O Jornegro saiu também e correu essas casas entrevistando o pessoal, dando destaque a juventude negra, querendo saber o que ela sente e pensa sobre tudo que diz respeito à nossa Comunidade. Estamos publicando algumas entrevistas na íntegra, para motivarmos um debate sobre o tema: Como vive nossa juventude? AGORA FALAN !!• maema 90 anos de abolição. Quem lucrou? Samba, um pouco da nossa história Mazzaropi bota pano quente no racismo PÁGINA 2 SEIilHEEilE] Editorial Pela segunda voz você Inn a oportunidade do ler o nosso Jornegro. O n" 1 confirmou a necessidade de sua existência, não desper lando fáceis elogios, nem • riticas simplistas ou negatl vas. Colhemos sim, do um numero representativo de leitores, opiniões claras sobre o que estava mal e o que estava bom, o também sobre 0 que deveria ser abordado, ü que se conclui do lato, é que a comunidade Cartas Main Bemardes nos escreveu reclamando «da desconsideração ou da falta de zelo que anda acontecendo desde o 13 de maio de 1977 com omonumento à Mãe Preta, erigido no Largo do Paissandu, em São Paulo (...) deturpando o sentido real da presença em tão importante praça, daquela que bem representa uma das origens da gente brasileira, explicando com firmeza de rocha do que foi capaz a sua abnegação quando a América convocou nos para construir um novo mundo até hoje em elaboração». oooOOOooo N.R. Main, disiordamos de suas idéiiis, mas ressallamüs o sentido pnssi tivo de sua carta colaboração que nos "yemtiCb 'fifZKi üm jornalismo crítico, de revisão das falsas interpretações sobre a situação do negro no Brasil. Nossa proposta é que todos esses mitos (13 de maio, democracia racial, mãe preta, etc.) causadores do nosso conformismo e da nossa alienação, sejam examinados a partir das reais condições que marcaram a vida do povo negro. Não podemos considerar qualquer culto à mãe preta como uma conquista, pois. ela foi «mãe» dos herdeiros dos escravagistas e não nossa. Portanto, se alguém lhe deve gratidão não somos nós. À função de ama de leite foi mais não esta apática, o sonle a necessidade de um amplo debate, dos nossos problemas c deseja aprofunda Io. E é desnecessário ressaltar o papel que desempenharão nossos jornais, que • orne çam a ressurgir depois de uma longa fase de estagna cão. K ■ om satistacão ! ons talamos que om varias cida dos a comunidade já conta com um jornal ou revista, ou então, comera a lutai para que isso se torno realidade. Faz se necessário, agora, que se promova um intenso intercâmbio entre esses órgãos, para que o debato não somente se apro funde, mas, o que é muito importante, se amplie,, não ficando somente restrito a pequenos círculos. Um dos maiores proble mas. que hoje nos itingi íalta de i n í oi" m a c ão a respeito daqueles que lutam v. se dedicam a i omunidade. Tomo contribuirão para supri Ia falamos sobre u Nenê de Vila Matilde, .■ pretendemos analisar todos De tudo isso. fica claro que enquan to não desenvolvermos um senso crítico sobre nossas experiências, vamos conti nuar exergando o mundo com os olhos dos outros e assim, jamais conseguiremos a exata compreensão da realidade afro brasileira. OOOOOOOOO O TIÇAO Já está circulando o n 1 dn Tição, revista do pessoal de Porto Alegre. Revista bonita, consciente onde em todas as suas partes traz como preo cupação básica a amostra do negro boje e agora. Ela surge propondo a discussão e abrindo espaço para as diversas infor mações até então, omitidas em nossa comunidade. Procure o Tição cm sua entidade, ou exija dela a sua circulação. Para um contato direto escreva para Vera Dayse Barcello», jornalista responsável, aos cuidados dai Editora Paralelo 30 — Rua Uma e Süua 92-1005 Porto Alegre — Rio Grande do Sul. ASSINATURAS Para vecê ser assinante de JORNEGRO basta preencher o cupon abaixo, e remeter por vale postal (em qualquer agência de correio) o valor da assinatura, em nomo da FEABESP. caixa postal 13.320 CEP 01000. São Paulo, SP.. NOME EÍJDRREÇQ: ENDEREÇO P CEP. .. ENTREGA: Preço da assinatura Cr$ 50.00 (incluída despesa de rorreiol v,ilida até dezembro de 1978 V. receberá o n' 1 grátis. equipes de baile, equipes de soul o as iradh ionais esco ias do samba. V., i omo nao l« ' ia deixar de sei li rc mi is algo sobre o « 1 3 dado», já que temos neste ano os 90 anos de «abolição» da ai ura , uma ot ima oportunidade para refletir mos sobre o seu verdade iro significado. • CAMISA VERDE - Roda de samba todos os sábados, na quadra. Rua James Holland, 663 Barra Funda, a partir das 22 horas. Dia 10 6 78 nrandiosa Festa do Vinho Outra queslâo dizer que fomos convocados pnra construir um novo mundo a América - suaviza as duras condi ções que aqui enfrentamos. Na verdade terras aos que se fixassem no campo. Então, fizeram a Abolição e nós fomos despejados nas cidades onde as melho res oportunidades estavam reservadas aos entrangeiros que chegavam. os out i os e m n a meros vindouros. Pai uni • m sobre o fim de semana de nossos irmãos, sobre .is lugares que eles freqüentam; Notas uma exploração da mulher africana, aí utilizada como vaca leiteira em beneficio dos europeus e seus filhos. Nesse esquema, desdo recém nascido o negro já era explorado, sendo sua prin cipal fonte de alimento e saúde - 0 leite materno — utilizado com prioridade pela classe dominante, firando o filho do ventre africano com as sobras. fomos caçados, acorrentados, comercia lizados como gado, discriminados e postos a trabalhar feito bestas para enriquecer a classe dominante até que, como conseqüência de modificações na economia européia, Pesaram a remune rar o trabalhador porque o trabalho escravo deixou de dar lucro. Aí sim. convocaram nnvns trabalhadores — os IWAIO 1978 NECKTTDDE — O Brasil é predominado pelos brancos. Em muitas coisas eles precisam dos pretos e os pretos preci sam deles (...)». »Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respondiam me; É pena você ser preta Esquecendo eles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. Até acho o cabelo de negro mais educado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo 'de preto onde põe. fica. É obediente. E o cabelo de branco, é só dar um movi mento na cabeça elo já sai do lugar. É indisciplinado Se é que existe reincar nações, eu quero voltar sempre preta». (Trechos do livro Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus, favelada, mãe de 3 filhos e escritora. Carolina catava papel e bugigangas que vendia ao ferro velho pra sustentar seus filhos. .Estro vou esse livro em que denuncia os absur dos de um Pais que joga muitos de seus filhos nas favelas. • NENE DE VILA MATILDE Crande Roda de Samba, sábado, dia 13 de maio, serão homenageadas as escolas de samba l.apeanos e Águia de Ouro de Vila Pompèia. o endereço é: Rua Júlio Rinaldi n1 1 - Vila Salete Penha. Dia 27 de maio a quadra estará em festa. Os filhos, Betinho, Gilberto o Adalberto, convidam para a bodas de prata do seus pais. dona Maria Thereza e Alberto Alves da Silva (Nenê). •PAULISTANO DA GLORIA — Rodas de Samba todas as sextas feiras no salão da rua da Glória. 132. Bailes 5's.. sábados o domingos. • COMPANY SOUL IVsM de aniversário ,4- rimifi ir 1--...1 J.~ 10 -i.. —••. •••• Casa de Portugal. Participação das equi pes Black Mad o Zimbabwc Soul. Mandem noticias pessoal — Caixa Postal 13320— 01000 São Paulo SP Faca sua assinatura Leia e divulgue Jornegro Expediente Jornegro — Órgão de divulgação da Federação das Entidades AfroBrasileiras do Estado de São Paulo. Redação: Francisco Carlos C. Santos (Tatol. Francisco Marcos Dias. José Carlos de Andrade (Jamu Minkal. Leonardo Ferreira. Luiz Silva (Cutil. Fotografia: Luiz Paulo P. Lima c Mensah Gambá. Ilustração: Jaques Felix Trindade. Produção e Diagramação: Ubirajara Motta Diretor responsável: Odacir de Mattos. Redação e Administração: Rua Maria José. 450, São Paulo. Composto e impresso nas oficinas dos Diários Associados — Rua Sete de Abril, 230. 1" andar. Órgão de circulação inter na daFEABESP.Registro em andamento. Ccrrespondência: Caixa Postal 13.320 ■ CEP 01000 São Paulo SP. MAIO 1978 AIIRNCERII, PAGINA 3 Precisamos conhecer e escrever nossa história Um dos maiores problemas que aüqgo nossa comunidade, é a falta de informação a respeito daqueles homens que dedicaram sua vida na defesa da melhoria das condkõrs de vida do negro brasileiro. Não são raras as vezes cm que este negro desconhece um irmão que muito lutou por aquilo que ele sempre sonhou ver um dia. Por esta razão, Jornegro pretende a partir deste número realizar, uma campanha cm favor da nossa história (que também e liistória do BrasilI. c dos homens que a fizeram: Iniciaremos com a publicação de um pou-o da histó ria do Nenê de Vila Matilde; a primeira esrola de samba de São Paulo. NENÊ, 29 ANOS DE SAMBA «autoridades»: não havia agrupa mentos de sambistas nas ruas que não fossem dissolvidos pela Policia. Mais de três negros juntos na rua. parecia ser coisa proibida por lei. O sr. Alberto (Nenê) disse nos que o seu interesse pelo samba é coisa de família, isto é, veio com a tradição, seu pai era sanfoneiro e gostava de ver o pessoal no pagode. Nenê aos treze anos era pandeilista, aos quinze anos já tocava em um conjunto no rádio. Algum tempo depois, vendo que as portas por onde passaram outros músicos estavam fechadas para ele, abandonou a coroa de rei do pandeiro e partiu para a Escola de Samba. Até 1956, o carnaval em São Paulo era organizado pelas rádios, o carnaval do Bio já era melhor na época, e parecia ser algo impossível do ser alcançado; junto com o Nenê de Vila Matilde desfi . laram também a escola do Peruche, I.avapés e outras escolas menores. Antes do Nenê de Vila Matilde lia viam cordões como o Príncipe Negro, mas eram agrupa mentos não organizados, nasciam e morriam no carnaval. No ano de 1956 o Nenê lançou se na disputa do título do l*1 desfile organizado- pela ' prefei tura; o Nenê vcnccucum "o Saniba intitulado «Casa Grande erSenza Ia», inspirado na dor que OOSSüS antepassados sentiam nas vésperas O Nenê de Vila Matilde, nasceu como Escola de Samba no dia 1 de janeiro de 1949, funda da por Júlio Erainisco,, Antônio Alves de Almeida. Cabelinho (irmão do Mário Américo), Geral dina e por Alberto Alves da Silva, (conhecido como Nenêi. O Nenê de Vila Matilde foi a primeira Escola de Samba que apareceu em São Paulo, não tinha sede própria e o local de encontro da negrada era no Tatarico (um lugar na Vila MatildeI. Na época em que a escola foi fundada havia muitas dificuldades, começando pela falta de lugar próprio para ensaios até a lUKUI ^/l L/pi iVJ [/mu Ww%w fc*«~ 14 &' Sfire^J Mandas, o samba era incompreenção por parte das assim: É banzo Nego tá chorando É banzo N êgo tá gemendo LABABABAIA Aruanda ficou Larara O mar separou Larararararara Senhor, meu senhor Lararara Nêgo, tudo deixou. É banzo que Nêgo tem. É banzo que Nêgo tem. É banzo que Nêgo tem! Na Casa Grande, tudo é alegria. Na Casa Grande, tudo é festança. Na Senzala nêgo chora, chora que nem criança. Banzo que nêgo tem. Banzo que nêgo tem... Nos anos seguintes, a escola saiu com outros grandes sambas; em 1957 «Lei Áurea». Nesse ano o Nenê de Vila Matilde não ganhou, pois a Escola não conseguiu encontrar o lugar do desfile. Em 1958 a Escola veio com «Grito do Ipiran ga», e a Escola foi campeã. Em 1959 um enredo sobre «Chiea da Silva», colocou pela primeira vez o nome da Nega em destaque para o grande público. Em 1960 fizeram um samba em homenagem a «Brasília», que também foi sucesso. E assim até hoje a Escola vem Se destíiC3.'?JÍ& .f\t\iti r{T.ni>-r>jHj>^ sambas, que na verdade só refle- e v** Carlos tem aparência saudável, uns olhos grandes e um sorriso bonitoe amigo. Tem apenas 10 anos e já está na luta, trabalhando para ajudar no orça mento familiar. E como ele, milhares de garotos ocupam pragas de cidades brasi leiras com suas caixas, latas de graxas, panos e escovas. UM EXEMPLO De Riberão Preto recebemos alguns exemplares de Travessia órgáo de divulgação das atividades do Centro Social, Cultural, Recreativo e Beneficente José do Patrocinio. 0 jornal nos dá noticia de como foi fundada a entidade que o edita, da qual extraímos alguns trechos interesscintes: «0 idealismo de dois grupos fez com que uma realidade tumeçasse a surgir 0 Clube José do Patrocinio cresce lentamente devido ao ideal existente em meia dúzia de pessoas. Localizado na Avenida dos Andradas, 1030, no Parque Riberão Preto, possui uma área de 14.000 m2 aproximadamente. Somente aquele que lutou para ler o que hoje muitos consi deram inútil é que sabe o que é uma verdadeira luta. O sonho de nossa popu lação negra sempre toi ter um lugar onde pudesse fazer o ser lazer Um tem o espirito de luta e de traba lho continuo que eles vem desen volvendo em prol do samba aqui em São Paulo. 0 mais importante é que o passado glorioso da Escola, não fez com que seus lideres se acomodassem, o Nenê da Vila tem também planos para hoje e para o futuro. Se houver o apoio necessá rio, a Escola pretende reformar o prédio, regularizar toda a parte imobiliária e transformar a Escola em um local não só de muitos sambas, mas também de<oulras atividades comunitárias, como cursos supletivos e Técnico), uma escolinha de samba para as crian ças, quadras de esportes e demais atividades que sabemos, são muito necessárias para a nossa comuni dade. Restavam me menos de 10 minutos na cidade de Carlos, mesmo assim pedi uma engraxada. Receptivo como era. enquanto limpava meu sapato, fomos batendo um papo. Apesar da pouca idade, Carlos já tem muita história pra contar e gosta duma conversa. Tanto que mais de uma vez precesei lembrar lhe que nào interrompesse seu trabalho enquanto conversávamos senão eu perderia o ônibus para São Paulo. Eram 12,25 hs da segunda feira e ele ainda nào tinha ganho nenhum e eu lugar de encontros com os amigos e recreação para suas crianças, já que a maioria é impedida de se associar aos clubes locais. (...) Havendo conhecimen to da existência de dois grupos, «Kenia» e «13 de maio», há um convite por parte dos elementos do «13 de Maio» para uma reunião. 0 encontro se realizou. (...) Depois de muito diálogo surge, por votação, o Centro Social, Cultural. Recreativo e Beneficente José do Patro cinio» M fui seu primeiro freguês. Fiquei sabendo que ele mora com a tia que cuida dele e de mais 5 filhos. Carlos não conhece o pai e sua mãe está doente e internada Sobre a escola contou me que a profes sora mandou o embora juntamente com os primos. Segundo êle foi porque a prima brigou com a professora e ela «tirou todo mundo lá de casa». Mas ele acrescentou que no ano que vem o tio vai leva los para outra escola. Encostou meu ônibus e tivemos que interromper a conversa.Fui pagar e como não tinha trocado lã foi ele correndo batalhar o troco. No final, pra resolver, acabamos fazendo um rolo com um nego veio que vendia marolo — um fruto cheiroso e gostoso que tem lá pelo Sul de Minas. Eu parti e aquele negrinho risonho e esperto ficou a espe ra do próximo freguês. Festa da Cerveja Dia 24 de maio o Paulistano da Glória promove sua 5' grande «Festa da Cerveja» — Rua da Glória 132. É Véspera de feriado pessoal! O 1978 PÁGINA 4 20 anns, .-si iniiintt' <'i'i.i num SDU! é mn ritmo dtí lil)cri.i( .'IU. Umu mÚMrii nrjjra do i\p.y,ri) |).H.I o mr.nv Aicm do Snul urto Sumba, Kiick. Blues, .luz/ pms .i innsK ,1 - ntn.i lingua^oni (inivrlsal l-ssfs • ai .is qut! ^n se umarrum riu Soul ê porque é moda Por que o Soul so fica nessa de língua estrangeira? Ku não entendo m/jrs mas me Identiflcu um o ritnMi I? u hpci de som que ou oi oito u ii medida quo eu danço, entru numa iiansiião quo i:oordena os movimonlos (limou oorpo a fico bem descontrai do. No Soul u pessoal quur mais o dançar. Rle lá sahcndu quo não irnt nada a ver ■ <ini o p.ipo. Como não tem nada a ver se é uma musica Talando de coisas que o negro vive e sente? Ku sei definir uma musica do hi anco de unia musica negra. Si i desmislincur um Rock do Soul. Tua nquipo também sô toca masit a americana??? A gcnUi icm quo i "!{)■. ar o quo o pessoal quer No começo tinha Dufe. Tini Maia. Mas com o lompu esse pessoal loi saindo <lo ar e Imje a genu: so loca disco umoi uauí). O Soul é uma forma da gente se transar? Sim, é uma forma da gomo se agrupar. Mas o chulo 0 saber que so se limitam a Soul. Por exemplo, numa lesta como essa que junla mais de 3 mil pessoas, grande parlo não vê o ouiro lado da coisa, não sabe o que lã curtindo. Então, como é que tá todo mundo junto? Kssa Casta aqui no Palmeiras pia muita geme é slaius. Hoje o cura ia aqui. Amanhã quando perguularem: onde você foi ontem? Ali l. . . eu fui no Palmeiras. O que significa África? Pia mini é a lerra mãe. Sabe se que nossos antepassados foram forçados a vir pra cá, esse papo todo. l-alar de África i; JmporUnue para entender nossas origens. Músicos que eu curto? Gil, Jorge Ben, Simonal. .James Brown, (Juincy Jones, Curtis Mayfield. Como você vê a situação do negro no Brasil? A geme vê u racismo no dia a dia. üuundo se vai lazer cumpra você nolu que esta sendo seguido, aspessoas olhando alravessado pia gente. Somos uma comunidade? Sim. Mas acho que precisamos nos alerlar i m lermos de parlici .aiIRNESRn, JHBIRNEERIIB PAOI um AGORA Ft LAN pacão. Fa/cr alguma coisa: assocl ações, bolai osso pessoal lodo nas escolas o universidades porque do jeito que lá a gente não controla nada, so e mamlado. O que você acha dessa mensa gem que deram ai dizendo que DUO lem essa de ■ i nlsciêl! ■ ia lai ial na musica, que o negócio e dar a mão prós wliile? Não lii Mim nada. Não teni ■ss.i porque nos viemos pm Brasil 110 pioi Ira/iilos ■ omo c.e hoiTOS cm navios nceienns. Kntão . não vou nessa de dar a mão assim st in mais ni m mem is. (jual a diferença entre Soul e üiscoteque? No meu modo de ver .inihos os estilos são músieu negra. O Soul é um som mais selvagem, mais HgitudO clHjllanlo D discolequtt e mais suave, prineip.ilmcnlc pias miiiinitihas. Ai lio quo o lilsi i )lo tjllc e bem III.es ai oito! Kntão, pui que a vaia quando lOClim (lls':oteqile ' Não stii se você niptuii que loi D pu\,ãi) Ia il.i IVl llto !-.les so curlem Soul. lí a pá do Soul. Como você vê o nosso futuro? Se (.ontimiar desse jeito não vai dar em nada porque a maioria so vem dançar e não se proocupu com a comunidade. Klos não se preocupam em. por exemplo, disputar com o branco, conquistar melhores condições. Oual o maior grilo que você vè no mundo? Um branco me ehamar de negrinho, do Pele. Tudo bem com o Soul do jeito que está ou você modificaria algu ma coisa? Apresentaria alguma poça afro quo falasse da gente. Uma infor mação maior pro pessoal. Algo que livossc a ver com torra mãe que ê muilo importante. Por quo só americano? Como você vê o negro americano? K o tipo de '.ara que passou pelo quo nós lemos passado. Mes são muito mais unidos quo nós. São. . . eu não vou dizer imoligen les. Enfim, o negro brasileiro é um gigante dormindo. MARCELO. BARROS, 1H unos, trabalhador o estudante «Eu me liguei em Soul lá no Rio onde morava meu irmão o me dei muito bem nesse movinientu. l k *' -i t>-V Pia mini. ele representa pralii u meiiie nulo. Eu estudo, trabalho e quando chego em casa ja mu mo um pouco do música. Do prelcrén ia Soul. Algumas discoleques também, mas não todas». Porque esse cabelo afro? l-oi um movimento que surgiu, nó? Antigumenle era o lamoso escovinha, repartidiiiho do lado. brilhanlina o lal. Mas surgiu esse movimento o to nele até hoje. Em casa não leve grilo, Mas num serviço quo eles implicaram eu pedi a coma. Era mim consultório dentário. Eu trabalhava de auxi •liar de prótese e andava sempre de cabelo alto e ■ocotinha mas o patrão achou que ficava mal entrar assim na sala dos clientes. 0 que significa África? Pra mim representa grande coisa porque ou lenho que ir pro lado de meus antepassados, não é? Minha võ era africana pura. depois veio a falada miscigenação. Uns (asaram com branco, outros com mulatos e aqui tou eu. O que você pensa de miscigenação? Em certos aspectos e boa. mas não muito. Tem muita politi ca entre a família, os amigos, quando o caro casa com branca. Pra mim. com sinceridade, não sorve. É só das nossas, de prefe rência com o cabelo alio. Agora, tem muita gente que gosla, acha que e o maior barato. Mas não e porque eles gostam por si mesmo È so pra levar uma com os amigos na base do; «Pô. to namo rando com uma branquinha. Ela não é mole». Mas acho que issl dai não leva a nada. E o samba? Eu gosto 'porque desde os anos quo saio cm escola, Eu uchd legal, mas passou o car.navul, 6 s(| bailo mesmo, , Esse negócio db movimentd soul sb transar numa língua estrangeira não è um furo? Em certos aspectos é. Er outros não, porque ouvindo tradução você vai ver que. nãcl tem nexo. Sobra os cOnJuntOM brasileiros que transam soul, maa também não dá pra ouvir muitq bem porque não têm aquol empolgução, não lem o ritme característico delos. Como você vê a situação dol negro no Brasil? Não é tão pisoteada comol autos mas ainda há preconceito,] embora ninguém queira encarar! essa realidade. Há preconceito em empresas, em escolas mas achol que isso pode ser superado, f.l batalhar com os brancos de igual I pura Igual porque isso não ha| mesmo. Você vê qualquer firma: i chefe, o sub chefe, o sono. c | dono. Ta tudo na mão deles. JOSÉ MARTINS, 1 ii anos. irabulhador e esiudante «Tou nessa do Soul há uns 2 anos. É uni negócio legal, Mo| sinto Bem. fico a vontade. Curto James lirown Comodors, Asley Brothers. Jou Tex. Brasileiros não nenhum. Não gosto desse ti]*) de música». O Soul so loca música estrangeira o a gome lica por fora do papo. 0 que você acha disso? Nos não emendemos mas e um negocio que contagia e a gente dança u cama mesmo não entendendo. Mesmo assim 0 um nego Io bacana. Tudo bem com u Soul do jeito quo esta nu mudaria alguma i lisa ' Desse jeito ta ótimo. Tudo eiiinlio. a vontade, Se mudar ■ e-lio que vai piorar. Por que o cabelo afro? Porque gosto, todo mundo curte, Neiiliiun grilo, a não ser quando a policia to pára na rua 0 que significa África? Um lugar onde so há negros. Tem liberdade, mas não muilo. Acho um pais legal, onde lodo inundo se sente bem. Pra nós ê importante saber da Alrica porque È sobre nossa raça. Oual o maior grilo que você vê no mundo? Custo de vida e u i onllito do raças Como você vê a situação do negro no Brasil? Ura tanto forçada. Não lem toda aquela liberdade quo . quer a não ser quando se esta dentro de um baile lem coisa que você quer lazer mas não pode por causa da democracia. Por exemplo, lazer uma reunião, uma passeala contra alguma coisa. Somos uma cümunida*de? Não, não acho, O pessoal se junta mas não ta unido devido algumas barreiras que a socieda de impõe. Na Uioria tem o direito a muitos coisas mas. na prálica, le limllam. Como você vê nosso futuro? Se Ibr na parle de estudos não vai ser Ixia porque o negro aluai mente não estuda, se liga mais om baile, não se aplica mais ás coisas. Por que! ? Sei lá . vem vindo através dos tempos. Deve ser o tl|X) de cunição que vem do muilo tempo. Já se deixou levar pelos outros. O que você acha dessa mensagem que deram ai dizendo que não tem essa de consciência racial na música, que o negócio e dar as mãos prós "Whilc»? Acho que estão falando isso dai porque são obrigados. Por quem!? Por esse peafoal que ia por Irás disso tudo. Todo esse pessoal de dinheiro, de publicada de. 0 pessoal que financia o baile. A não ser que ele senle isso, que ele quer ser dilerenie de Iodos os outros, porque ai dentro ninguém pensa assim. DORA APARECIDA. trabalhadura. 17 anos, A gente curte musica nstran geiru porque o que'a gente unten de não tem condições. Os cantores biasileiros não ta/em Soul, so samba, samba. Kntão não dá, Que soul brasileiro a gente vai curtir?). O negro fa no Brasil lazendo música há 400 anos. De repente surge essa geração quo só quer musica americana. Como você explica isso' A gome não acha que musica e so americana. Nós curtimos música brasileira lambem: Jorge Ben. Dalé, King Combo. Quem mais!? Tom pouco lambem, lí... podes crer! Tem poucos cantores brasileiros. No Baile hoje tocou música de algum desses que você citou? Teve Jorge Ben e a Banda do Z(: Pretinho, ao vivo. Em disco. nenhum. Ouem curte Soul não curte Samba? isso eles inventam porque o quo sai mais é o Soul. Então acham que a gome não quer o samba mais você viu um exemplo ai com o troleu pro Vai Vai, quan do o pessoal cantou o vibrou junto. 0 que significa África? Embora eu não conhoça, eu amo a Alricaa. Negro- signilica Alrica, então a historia da África e importante porque e a nossa história. 0 que você aprendeu na esco Ia sobre a África? Estudei ale u ,i ginasial e me lembra de África so quando fala vara em escravos Existe preconceito no Brasil Só existo, nè? Como você sente? Por exemplo, você vé na li visão a polícia lazendo aqui batidas ali na Rua Direita. Mappim, por quê? Nunca fizer isso antes. De repente vêm ossa: «Vamo limpa aqui, v„ limpa». Se fosse um bando brancos reunidos eles riem il chegar perto. Com a gente ê\el vêm revistando. Você curte o Mappin? De vez oni quando. Achol maior barato. Há diferença no modo de branco ou um negro mexer céu mulher negra na rua? Tom. É lógico que o negro umas graças mas não é um nel cio tão pesado. Agora, o branco nem fala. Elo vem passando mão. Elo vô a preta e acha quj pra ele usar. Isso jã acomeç comigo várias vezes. ' E quando a negra casa ei um branco? Aí ou já acho a negra metil a branca.. Inclusive, na mini lamilia tem disso. Minhas tií minha vó, são casadas com loir o não gostam do negros. Elas discutem comigo por causa disJ Tom cabimento a gente dizer qi não gosta da própria raça ' Como mudar essa mental dade? Pra isso a geme ta lazenJ essas comunidades e disculL essas coisas. Não da mais p| licar nessa, aceiland,, . ,,,■ npo oisa. rw i ülIBMECRII ANO I - N? 2 MAIO 1978 Apartheid: Racismo e Exploração Hoje, na América, escravidão é coisa do passado, apesar da herança de quase 4 séculos de racismo oficial ainda marcar a situação dcsvantajosa que atinge as diversas comunidades afro americanas. Mas no Sulda África a existên cia de países que praticam uma política de exploração racial ainda é uma dura realidade. Isso acontece na Rodêsia, Namíbia e África do Sul, onde uma minoria européia controla todo o poder e se mantém graças ao apoio dos países industrializados do Ocidente que ali têm grandes investimentos e interesses. Felizmente essa situa ção está se alterando porque os africanos, os verdadeiros donos desses países, estão mobiliza dos, seja em organizações internacionais como a ONU. ou nas guerrilhas, trabalhando pela sua libertação. Na ONU. onde a força política dos países africanos é cada vez mais forte, eles têm conse guído importantes vitórias contra o racismo que ainda habita o Sul da África mas que já está com seus dias contados. Reconhecendo que o apartheid viola os direitos humanos a ONU declarou o UM CRIME CONTRA A HUMANIDA DE", e proclamou 1978 como Ano Internacional Contra o Apartheid. Também a organização Anis lia Internacional tem desenvolvido campanha contra o racismo no Sul da África e num estudo recentemente publicado "Political Imprisionment f> Torture" acusa- o Governo sul africano de ditatorial e de proibir qualquer oposição. O docu mento da Anistia informa que foram proibidos em 1960 o Conselho Nacional Africano e o Parti do Africano. O Instituto Cristão Anti Apartheid e outras 17 organizações do movimento Consciên cia Negra foram poribidos em 1977 Juntamente com o jornal negro THE WORLD (O Mundo) que teve toda sua equipe aprisionada. Relatórios denunciando torturas tiveram sua publicação censurada, pois o Governo conside rou os "indesejáveis". Um destes relatórios "Tor lura na África do Sul" foi publicado em abril de 77 pelo Instituto Cristão da África do Sul. Uma das últimas vitimas desse sítema monstruoso foi o jovem estudante Steve Biko, fundador do movi mento Consciência Negra, que coordenou os protestos que agitaram a África do Sul no segun do semestre de 1976. Steve Biko morreu a 12 09 77. em conseqüência de torturas. Os portugueses foram os primeiros ocidentais empregos e pela lei as funções melhor remunera das são reservadas aos brancos. A MULHER As mulheres sãn as mães da raça. E também a companheira a a filha e sobre elas ü apartheid é ainda mais esmagador. São exploradas pela raça e pelo sexo. Nas reservas (ghetos rurais onde as terras são áridas e improdutivas) as mulheres vivem juntamente com as crianças e os velhos e, na maioria dos casos, separadas dos maridos que vivem nas zonas urbanas Irabalhan do para os europeus Em algumas comunidades. as mulheres passam praticamente o dia inteiro a apanhar lenha ou a transportar água do rio ou do poço mais próximo para as necessidades da lamilia. As mulheres das reservas são impedidas. pela lei de (ir(uUi<,ão. de procurar emprego nas cidades, onde ha mais trabalho. Dos poucos empregos que há nas reservas, a maioria é em funções destinadas aos homens e se alguma mulher é aceita para trabalhos braçais é por salário bem menor do que o dos homens. Somen te 13,6% das mulheres trabalham na terra, como domésticas nas fazendas brancas próximas das reservas, ou são diaristas, como lavadeiras. arrumadeiras cm cidades brancas vizinhas a certas reservas. Batei empregos são os mais mal remunerados entre aqueles que os negros podem ocupar e em certos casos o gasto com transporte chega a ser tão grande que nem vale a pena aceitar o emprego A dona de casa leva uma vida solitária, numa comunidade formada de mulheres, crian ças, velhos e doentes que foram expulsos das cidades logo que terminou sua vida produtiva. A miséria dessa condição conduz á fome. á doença e á morte. A tuberculose e outras doenças oriun das da subnutrição estão muito disseminadas A maior parte das mulheres que vivem na zona urbana são solteiras ou divorciadas tendo que sustentar a si mesmas e aos filhos, A discri minação de que são vitimas as mulheres e toda a população negra está enraizada na estrutura capitalista da África do Sul e só terminará quan do o apartheid for derrotado. O sr. Tsotsi, um advogado e líder em sua comunidade, fez um depoimenuva Comissão dos Direitos Humanos da ONU em que declarou Para nós. pertencentes á ciasse oprimida dos não brancos, a África do Sul que em toda a sua duração combateu vigorosa mente o domínio europeu. Dez anos após a morte de Cliaka lassassinado em 1828) a grande força guerreira zulu e as tribos aliadas enfrenta ram um inimigo implacável: a tecnologia militar dos ingleses que vinham do sul Numa lula de t anhões contra lanças, as margens do Rio Ncome aconteceu (a 16 12 1838) a Batalha do Rio de Sangue em que o Ncome se tornou vermelho Ate hoje os brancos sul-africanos comemoram essa matança com um feriado naci onal chamado «O Dia rio Acordo». Mas o império zulu ex:stiu até IH/íí quando sua capital. Ulundi. foi tomada pelos ingleses que se apossaram das terras zulús Hoje a maioria dos zulus vivem em distritos separados entre si por ricas plantações pertencentes aos brancos Ao contrário das terras dos europeus, as zulus são quase sempre improdutivas sem estradas e com um rendimen to quer mal dá para a subsistência. Com a vitoria dos invasores acelera se a exploração i apitalista dos recursos sul africanos. Pela famosa Ata de Terra dos Nativos decretada em 1913 se proibiu aos africanos de possuir terras fora das zonas indicadas. Na prática, essa medida (orçava os africanos a viver à custa de trabalho para os proprietários europeus. Outro resultado dessa política de propriedade da terra foi provocar unia corrida dos camponeses para as cidades em busca rie melhores condições de vida e aí se transformar numa grande reserva de mão de obra barata para o sistema capitalista sul africano Amigração;)ara as cidades abalou e enfraqueceu a organização da vida africana. Aumentou o controle policial do povo negro e alguns pequenos direitos que a população teve nos primeiros tempos de cidade foram suprimi dos pouco depois, A resistência africana se mani festou em todos os setores da vida social urbana, inclusive na religião. O primeiro movimento de massas que mobílí zuu a população africana urbanizada foi um movimento religioso. No piim ípio deste século as Igrejas Separatistas Nativas chegavam a 272, sendo que a primeira foi fundada em 1882. K essas igrejas apresentaram uma crescente consci êm ia racial, como resultado da luta da popula c,ão pelos seus direitos. Km 1920. sob o comando de Clement Kadalie. foi orcanizado o Kimberley resultando na morte de centenas de africanos» e alguns europeus Mas a mobilização alcançou grande; sucesso e o número de sócios pagos do Congresso nacional Atrieano que no início era de 7 mil aumentou para 100 mil DÉCADA DE 60 VILLE O MASSACRE DE SHARP Depois da repressão qur extinguiu o Congres so do Povo - organização multirracial negra que em 1955 lançara a Carta d a Liberdade, documento baseado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que pedia o lim do apartheid. surge nova organização: O Congresso Pan Africanista. De tendência radical. O Congresso Pan Africanista, liderado pelo professor Rohert Sobukwc se recusava a qualquer aliança com os brancos liberais e defendia que «o nacionalismo exige que os interesses dos povos indígenas dominem o dos estrangeiros, porque o país pertence aos povos indígenas». O CP.A. foi uma organização bastante ativa e em março (21) de 1960 organizou toncentração popular em protesto contra as Leis de Passes que impedem a livre circulação do povo negro. O governo respondeu atirando contra a população morreram 70 africanos entre homens, mulheres e crianças e várias centenas receberam ferimen tos nesse dia que ficou conhecido corno o Massa cre de Sharpvílle. sendo a data /\ África pela ONU como o Dia Intemadoanl para a Elimina ção da Discriminação Racial. SOWETO 76 — OS ÚLTIMOS CONFLITOS A situação na Atrii a do Sul já é de guerra interna, f uma disputa monstruosamente desi ' gual: de um lado o povo negro segregado e armado apenas de paus e pedras Do outro, o exército mais poderoso do continente africano. Soweto está sempre mergulhado sob espessa nuvem de fumaça oriunda dos fogões de carvão ou lenha. Aí vivem segregadas as famílias dos operários que trabalham em Johannesburg. A condição de vida é péssima: a maioria das casas não tem eletricidade, água encanada nem WC. Os alimentos vêm de fora, o que foi um trunfo mmm teve toda sua equipe aprisionada. Relatórios denumidndo torturas tiveram sua publicação censurada, pois o Governo conside rou os "indesejáveis' Um destes relatórios "Tor tura na África do Sul foi publicado em abril de 77 pelo Instituto Cristão da África do Sul. Uma das últimas vitimas desse sitema monstruoso foi o jovem estudante Slevc Biko. fundador do movi mento Consciência Negra, que coordenou os protestos que agitaram a África do Sul no segun do semestre de 1976. Steve Biko morreu a 12 09 77. em conseqüência de torturas. Os portugueses foram os primeiros ocidentais a invadir a região sul aíncana conhecida como província do Cabo. tendo sérias dificuldades com os povos da região. Um século e meio depois dos lusos, a 6 de abril de 1652. os holandeses que fracassaram na conquista de Pernambuco inva dcm u África do Sul com tropas sob o comando de JAN VAN íUKBEECK. que chamou os nativos de "zwarte atinkende Hondon (cachorros negros fedorentos» * Os invasores holandeses derrota ram os africanos, tomaram suas terras e seus recursos e obrigaram o povo negro a trabalhar para eles. Após os holandeses, franceses alemães e ingleses chegaram como imigrantes e reforça ram o domínio europeu Com o passar do tempo a tradicional atitude de superioridade dos europeus resultou na cínica doutrina do Apartheid implantado pelo Partido Nacionalista, que está no poder desde 1948. Os afnkaiiners. descendenles dos primeiros colonos holandeses »• defensores Eanètloos do apartheid. argumentam cinicameme que esta doutrina prole ge o carátej das dilir» ates raças assegu rando a cada uma delas a possibilidade dr desnvolvereni se sem conflito. Na verdade Apartheid è uma polilii a de dominação e cxplu™ ração que garante á minoria branca (15 da população) o total controle econômico e político do País transformando a maioria negra numa multidão de trabalhadores explorados cuja produção garante ã África do Sul a condição de pais mais rico do Conünente. VIDAS SEPARADAS A GRANDE EXPLORAÇÃO Quase iodos os aspectos da vida da popula ção negra está sob vigilância policial. Cada raça tem que usar diferentes transportes, escolas, igrejas, hospitais, cinemas ou praias. Manter a segregação é uma obsessão constante dos afrika aners. A educação escolar è usada pelo Governo para perpetuar a exploração: o ensino só é gratuito para os bramos e a educação prepara de forma diferente cada raça, praticamente índi cando o lugar de cada uma na sociedade. Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unetcui sobre o apartbnd constatou que "os livros didà ticos sul africanos ensinam os africanos que eles ocupam uma posição inferior na sociedade, enquüiiLu as crianças brancas aprendem que os europeus são superiores e os negros são primiti vos e bárban»". Os africanos estão empregados abaixo de suas capacidades e por salários tão baixus que não t conseguem ter uma vida decente. Existe uma política de afastar os negros dos melhores e a morte. A tuberculose e outras doenças oriun das da subnutrição estão muito disseminadas. A maior parte das mulheres que vivem na zona urbana são solteiras ou divorciadas tendo que sustentar a si mesmas e aos filhos. A discri minação de que são vítimas as mulheres e toda a população negra está enraizada na estrutura capitalista da África do Sul e só terminará quan do o apartheid for derrotado. O sr. Tsotsi. um advogado e líder em sua comunidade, fez um depoímenu^à Comissão dos Direitos Humanos da ONU em que declarou: "Para nós. pertencentes á c lasse oprimida dos não brancos, u África do Sul é um imenso cárcere ou campo de concentração, com suas (àmarus de gás e de torturas. Pouco sabe o mundo exterior sobre as condições dos camponeses t- os sofrimentos que têm que supor lar não apenas nas mãos da Policia, mas lambem nas garras de um sislema torrupto e violento" AS LEIS DO APARTHEID 1 Mesmo que resida legalmente numa cidade, nenhum africano possui o direito de ter consigo mulher, tilhos. sobrinhos ou netos por período superior a 72 h. 2 Sempre que julgar oportuno, o presidente do Estado pode declarar uma área propriedade do grupo branco mt*mo que até então ela tenha sulo ocupada pelos não brancos. 3 Qualquer afrít ano maior de 16 anos é obri gado a carregar ura livro de referência . Se for pi-^o sem ele. será punido com mulia e prisão de um mês 4 Ura operário africano que se ausente do trabalho por 24 horas, além de ser demitido será puiiido com multa e prisão de três meses. 5 Se um trabalhador bramo morri; tm acidente de trabalho, seus descendentes têm direito a indenização, e. ainda, pensão mensal baseada em seu salário Os descendentes de um africano que morra por acidente de trabalho não têm d.reilo a pensão mensal, somente ã índeni^açãi) fixada ptrlo comissário do trabalho 6 Um africano que dirija uma classe de leitura B tsc rita em sua própria casa. mesmo gratuita, pode ser multado e preso durante seis meses 7 Aquele que duranie uma reunião incitar um auditório negro a ações de protesto contra as leis do apartheid será multado e aprisionado por 5 a nos. 8 Nenhum africano pode ser membro de um júri formado para um processo penal, mesmo se o acusado for um africano. A LONGA LUTA DE RESISTÊNCIA A resistência existe desde o momento em que as botas dos portugueses - os priim.-irus invaso res pisaram as terras sul africanas. As gucr ras e guerrilhas negras compõem a história da resisiência africana ao colonialismo europeu que nessa época fazia suas primeiras ^conquistas Chaka e Umzilikazi, furam dois grandes chefes nulitüres negros que impuseram varias derrotas aos soldados da exploração européia. Em 1816 Chaka deu início ao império Zutu mm nos primeiros tempos de cidade foram suprimi dos pouco depois. A resistência africana se mani Testou em todos os setores da vida social urbana, inclusive na religida 0 primeiro movimento de massas que mobili zou a população africana urbanizada fui um movimento religioso. No prim ipio deste século as Igrejas Separatistas Nativas chegavam a 272. sendo que a primeira foi fundada em 1882. K essas igrejas apresentaram uma crescente c onsc i ência racial, como resultado da lota da popula ção pelos seus direitos. Km 1920. sob o com.indo de Clement Kadalie. foi organizado o primeiro grande sindicalo africano e que (hrgou a contar com lüü mil associados Sais anos mais tarde aprisionaram Kadalio que foi solto logo depois por causa dos protestos o distuihios que levanta ram o povo negro Creves tur.mi feitas pelos empregados niuiiirip.iis em Jahannesburg. pelos mineircw cm Natal e no Transva.ii. pelos traba lhadores portuários da cidade do Cabo, demons trando a organização e a resistência da popula ção africana. De outro lado. o poder europeu sr mostrava mais duro e repressivo Em 1929. durante campanha eleitoral, o primeiro ministro Hertzog. um dos criadores do apartheid, ttv campanha pelo Partido Nacionalista falando em iperigo negro». Em 1936 o Parlamento aprovou a Ata de Representação dos Nativos que cassou os poucos direitos nvis da população africana da Hidade do ('abo Sob dura repressão DO período entre 1929 e 1942 a reisitéiuia africana teve sua lase mais fraca Vieram decretos restringindo zonas S moradias, proibindo or^am/açòes, eliminando direitos eleitorais A pariu de 1942. por causa da crise detoneme da 2' guerra n.tnulial. 0 governo, então chefiado pelu Reneral Smuts ensaiou umas tímidas reformas O controle poli ciai da vida aír.cana é cada vez mais imenso Em I de muio de 1963 o Parlamento aprova lei que permile a policia prender tomo suspeito, por sucessivosperiodosde 90 dias, qualquer africano Um ano antes o giverno havia liberado a venda de bebidas alcoólicas aos africanos. Depois de atividades como a queima de passes em l.an>;a em 1946, protestos em 1949 e demonstrações durante 19fÍU e 1901. o CORgTO so Nacional Africano organizou a Campanha de oposição (1902 r,3( utilizando a tática da desobe diêncía cívil não viulenia Avisaram as autorida des garantindo que a luta não era de canKer racial e sim contra as leis injustas e solicitaram a extinção das leis repressivas. Foi muito difícil coordenar a campanha de oposição com os lele fones controlados, os correiros inlercepuidos. As atividades iniciaram se a 2b G 1952 quando os voluntários peneiraram, sem auiorização. nas reservas, circulavam a noite sem passes c utih /aram os ^erviços públicos reservados «so para europeus». O governo interveio para «impor a ordem* e suspendeu toda atividade organizada da população negra, na provincia do Cabo. a principal zona de apoio da campanhiu loram presos Í>.7UÜ dos 8.000 resistentes Ocorreram distúrbios em Port Elizabelh. East London c A situação na Afrii a do Sul )á e de guerra interna fi uma disputa monstruosamenii dosi gual de um lado 0 povo ne>;ro segregado e armado apenas de paus e pedras lio outro o exército rnais poderoso do cootinenie africano Soweto esi.i sempre mergulhado vib espessa nuvem de fumaça oriunda dos togões de carvêO ou lenha Ai vivem SQgregadas as lamilias dos Operários que trabalham em Johannesburg A COndiçflo de vida e ()essima a maioria das casas não tem eletricidade água emanada nem WC Os alimentos vèm de fora, o que (oi um trunfo para o sistema racista que durante as ulumas manifestações suspendeu o abanteciroento e ameaçou cora a fome D custu de vida em SOAI to e mais caro (pie nas cidades brancas e alem da miserável condição de vida seus habitantes einds são explorados pela industria turlstii a sul africana. IJU.IS ve/es poi dia, luxuosos Ônibus refrigerados uMiduzem turistas para conhe gbetQ Amonloados nas piores ■ondiçòes. expio rados e se envolvendo em rixas que são incenli vadas pelo Sistuma, matam se uns aos outros indo uma média de 3 bomictdius poi dia. 0 ALTO PADRÃO DK VIDA DA MINORIA «.loh.inneslnirg A cidade estava em ; alma ■.ste fim de semana Seus - antrus i omei iais lotados, seus campos de guifl e rhibes de tênis concocridott como nunca Sua estradas avei repletas de Metiedes Ufti/. AAfru a du Sul ti: Ifl ca, que se orguiha de ler um dos m.us altOS mveis de VKÍ.I do mundo, aproveitava o ai ír.re Após semanas de conflito em Sowetu «a tida de fantasma» instalada alem das minas de ouro abandonadas, a comunidade brara a per manei e quase que (umptetumi nte mloi tida» (Jornal do Brasil, 10 K 7bi Os chsiurhios que agitaram B África do Sul no 2 semestre de 1976 cumeçarani quando os ntu dantes de Soweio. mobili/ados [H Io movimento ( onsc iene ia Negra, saíram as ruas era protesto (Cintra a intenção do gnveniode otinga lusa usar o Atnkaan a lingua olitial du apaiUht.-Éil o que isolaria us negros sul ■frv a:ios de Iodos os outros negros do mundo Os tontliius estende ram se as 4 provii ias sul africanas u englobaram as 12 principais tidades. Os rebeldes queimaram carros e viaturas jxilicia.s. a)iedrejaraiii traba lhadores que rec usaram greve de .iopio. incendi aram edillcios púbUcus, arrombaram lojas e destruiram arnia/eiis dtt&tinadus a venda de bebidas alcoólicas, aos negros Tüdas as institui çòes que funcionavam a serviço do racismo e da exploração foram atacadas e greves parafisarara .i economia que deponde quase totalmente dos negros que repi esiulam 71 d.i turca de trabalho. A repressão foi violenta aproximadanifTile ÜÜU mortes, l üOU feridos. 2 mil ufrítanos presos além de 8U brancos, estudantes da Tniversidade du Caibo que tizerani mar. lia de solidariedade uu movimento de Suwelo K o governo .a abou des.s lindo de impor a língua att ik.i.eiei ao pOVO negro da Alriia du Sul. .PÁGINA 6 MAIO 1978 .IBIIRNEEKII; 13 DE MAIO DA JUVENTUDE NEGRA Treze de maio que não e mais do preto velho do pai João, da mãe Maria do negrinho do pastoreio Treze de maio que não è mais do misticismo, da «simpatia», do «despacho» Treze de maio da Juventude Negra lutando por outra libertação contra os senhores capatazes capitães do mato que permanecem vivos cometendo os mesmos crimes as mesmas injustiças as mesmas desumanidades Treze de Maio dos poetas conscientes SOLANO TRINDADE Abolição? Urru) das Lontradições do sistema escravista era a massa negra, elemen lü indispensável ao funcionamento do sistema e, também B maior ameaça ú sobrevivência du escravismo porque, enquanto oprimida, a população negra estava Interessada na destruição desse sislema que lhe sugava o fruto do trabalho, a saúde, o direito á família, a dignidade e a esperança. Para o nosso povo, violentado pelos soldados da exploração européia o obrigados a trabalhar para a riqueza das nações envolvidas nesse lucrativo negócio, não havia muita opção: era sofrer a danaçãu em vida ou arriscar se tentando subverter aquela ordem ili.ihuli. u que enriquecia a Europa, sangrava a África e esgotava a Amé rica. Por isso rebeliões escravas contra a ordem colonialista portuguesa aqui implantada marcaram todo o período da escravidão na sociedade brasileira 0 aconteceram em lodo o espaço naci onal, sendo Palmares o exemplo mais Famoso. Mas, o poderio europeu sendo superior acabou se impondo. Isto porque os países envolvidos no tráfico negreiro eram as maiores potências do mundo naquela época e se ajudavam mutuamente na repressão aos escravos enquanto estes lutavam sozinhos utilizando lanças contra os canhões curojicus. Vitorioso no. terreno militar, o poder escravagista tratou de impedir a consciência dos que sobreviveram labricando falsas interpretações das situações vividas pelo nosso povo. Dai os aciinlecimentos e os personagens que testemunhavam a resistôncia nep.ra e posbuiam uma mensagiMii íle cunsciência o de libertação para os descendeules de africanos, foram trancados iu>.s porões da história qu.ui tio não destruídos, como Iiv. Kui Barbosa, que mandou queimar docu mentos da escravidão. Então, em lugar da tradição de lula dos nossos antepassados nos ensinaram a versão dos dominadores na qual aparecemos como submissos. Intelectualmente Info riorrs. etc, E u tática foi produtiva, pois, conforme observou Joaquim Nabuco em O Abolicionismo: «A escravidão, por felicidade nossa, não azedou a alma do escravo contra o senhor, talando colotlvamente, nem criou entre as duas raças, o ódio recíproco que existe naturalmente entre opressores e oprimidos». Ensina ram nos u pedir e nãoacobrar.u espe rar e não a fazer, a acreditar o não a pensar. Perdemos a perspectiva de nossa participação na história o nos deram mitos como; o «13 de maio», a mãe preta, a princesa Isabel, a mulata exportação, o samba exaltação. Fizeram a abolição, mas não no interesse do |X)VO negro e sim das necessidades da classe dominante que precisava reajustar o Brasil ás novas exigências da economia européia e ao mesmo tempo romper seu Isolamento, pois, conforme mostra Thomas Skitl more em Preto no Branco: «os brancos jamais constituíram maioria cm nenhum lugar do Brasil até que a Imigração veio alterar radicalmente o equilíbrio racial nos estados do Sul e do Centro Sul», > UUUIKIO começou a campanha da abolição a massa escru va concentrava st: nas 3 maiores províncias produtoras de café São Paulo, Kio de Janeiro o Minas tarais - e a maioria dos abolicionistas defenderam a imigração como forma de acelerar o processo de cbronquea nienUM no Brasil, Sendo a abolição o resultado de uma pohlica orientada apenas pelos interesses da elite, a sílu ação do negro piorou. Milhares saíram vagando sem destino e os que migra ram paia as cidades encontraram um ambiente hostil onde teriam de competir com os imigrantes, muito mais preparados para sobreviver numa nova sociedade, agora urbana industrial o cupitulislu. A vida IKJS abolição foi uma luta ainda mais dura. Na condição de escravo, o negro tinha a sobrevivCn cia garantida polo escravagista porque precisava dele para produzir, Agora, desjíejado numa nova realidade que não precisava do trabalhado escravo, o povo negro se refugiou na marginalidade se organizando em bandos que garantiam a subsistência na base do banditismo, atemorizando as cidades. Nesse mundo urbano onde as oportunidades nam reservadas aos imigrantes que já estavam adaptados ao tipo de organização capitalista que então se implantava iio Brasil, a massa negra tenta furar o bloqueio e penetrar no mundo do homem livre se aproximando o máximo possível dos padrões europeus. P assim vão apare condo na comunidade negra urbaniza tln grupos que, aos pontos chegaram a uma condirão inacessível a maioria Pssa posição privilegiada resultou de um longo processo de alienação, onde o deslinnbi ainenta com os padrões europeus estimulou o consumo de produtos paia clarear a pele, pasta para ulizainenlo di» cabelos, perucas e o desprezo, quando não a recusa por suas origens e raízes africanas. Mas essa descaracterização não abriu todas as |X)rtas e ainda marcou os adeptos desse esquema como negros de alma branca. Hoje, 90 anos após a abolição, ({liando os povos africanos dão a arrancada linal jxira destruir os últi mos vestígios de colonialismo o traçam os contürnos de uma nova humanida de, ressurgem na comunidade afro brasileira correntes de opinião que não aceitam o «embranquecimento» como condição para o reconhecimento de seus direitos de cidadão. Hssas correntes, têm nos direitos do homem1 negro sua preocupação fundamental e a sua valorização ê meta básica. F. para isso não basta haver entidades interessadas. É fundamental a partici pação ativa e consciente de cada um para o fortalecimento dessas entidades e para por em prática nossa consciên cia do comunidade. Só assim é que todos poderemos exigir o pedaço que nos é direito e o respeito que nos é devido. Desta maneira tidos devolve remos o «13» dado e revitalizaremos o 2ü de novembro, dia de Zumbi, herói da consciência negra. MAIO 1978 anRMCEffn • • ■/d'en éãO; qroe c/errotac/o 0_ tot/ neçro . ■J\.r'' ' s£ Zvntí/, PÁGINA 7 /sapot/... (p&em foi zorfib/ F so/c/c/oc-se. ^ü^^iJ B 3ern f;//,inhoí ■•• Zvrnòi fo/ um /rero/. ■ ■■ N negro mas antei> c/e Zumb/, o pac/oa/ precj&ot /a/ar de Pa/ma. ~ ret, brus/Zeíro, fo/ o chefe c/e Pci/mctreí>\ goe /véov -éo c/a sua v/c/a pe/a //óerc/ac/e do escravo neoro açu/ no 3ras//- &í) ^—i--k^ 6ACAÍ.E CHEoA t^A1. TERRA MÃO PROMETiOA ^^E^^ COMBINADA COMO I F.STlNO (WRAOò â P^I-S-Ofjf.iROS DAS /) í>U£KWA5ENTRtAS TRIBOS AFRICANAS. E JjOüOCOLOCAtX3 KO MERCADO"P£&Ut SEU i^EQ^O L NÃO TRAÔAL^E'. «NOO UM MOWttABEW fQRTE(GA&ALt TEM SEU 'PASS£-ADQüI RIDO POR UM SENHOR " E t>EM PODER EMIEMOER. QUE TifiMANASM&CS Sb UMARTEbÜOE CATEGORIA, OUE SA81A TRABALHAR PERRO, ESCREVER; SUAUN&UA.ETC, * PARA TRABALÍtOS iNPERORES E FORÇADOS. J GAC-ALÍ' PASSOU POR AQCITÍS... ^/f 0(/f pa* roz« D£ usa, QAMU ISTO MESMO. EVA' LOGO? /. «^ 1 ÍWGMXCS. * E £U MÀO TE^4H0 0U£ PA6AR NADA /ORA^ DOfJA? SABE NE?/DEIXE DISTOf CO ...CACALt: PAhXU ryjr. GAZALÉ CHZ5A AO PORTO £., EEU? QUANDO SAI O NAVIO COMO ^. \QU6 VAI ME FICO? SALA'RIO DE / /PEGUE SUA J^-ALEVAR DEVOLTA ONDE ESCRAVO E' //LIBERDADE E EU VOU MEIO^BAIXO.//SUMA." , ^\~\PARA A A'FR1CA? MORAR? QUERO 1 OBRIGADO. BEM, A UNHA DIZER; FOI CANCE V© PODE BE.M,0 JETO i^ IR-SE , E' IR 5E ARRUMANDO ^ EMBORA/ POR Al'. VEJA SE V. FAZ UM BARRACO, ^1BIn Ti/JTO Ql/€ GANHOU DA ESPERA mWm íJCOAV/OÃO £ '.Ai MBA 0 "OAÍO... Mazzaropi: brincando com coisa séria Não sou critico proíísiioual Nio fdço disso ganha pão c sempre üdmirci Mazzaropi Mas seu último filme di-cep tionou y su niostrou negro -snu senho» Quem um sangue nas veias reage a qualquer estimuJo mas o filho preto dij Jvca t/Vilenorl ê, não só passivo mas lambem idiota que nem se incomoda com o jbsurdü de nr filho du um casal que não e negro. Por isso o Jecj descon fia. Para ele isso cheira adultério ^J enquanto sud mulher Jura inocência e vem CüIII uma eslona de uma conhecida que. quando grávida, se assustou cutn um preto o deu a luz a um negnnho. E os dois acaUim concluindo que foi Ueus quem lhes mandou esse filho prelo bon/inho e humilde A única coisa que o agita e o amor por uma branca rica que e quem luma as imuativas que a situu (,ào amorosa exige EU» è apenas confor mista que quando a coisa aperta garan te KM pais que não vai causar nenhum abuireuineiuo porq-Je babe seu lugar. Será que ninguém lhe preveniu. Maz/aropi, que a queslão rui lal e um problema muito sério, è a raiz de nmiUts males da humanidade u que nâu é assunto pra se fazer simplificações ' meniirosas c piadmhas idious? Ficou TE VIRA s£' EU ACHO QUE r, ^ FUI ENGANADO/ OAGALE, QUS SO' COHSEGU/tf FAZER UM BtMACO MO MORRO DéPOlS Dê JfiABALHAR TANTO JA'NÂO BE CONTENTA COM OS BJC06 QUE A CWAÜE ÍA'£MSAUO iN£ -PA'", 603 OS OíNA/tES ÜE OO/i. AiNDA DESCOUTe/VE * COM A V/DA DE 6ACAU'f£S7£ VAI PEHSANOO COMO RECUPERAR O QO£ AJUOCU A FAZER, £ ALCANÇAR SUA nuaDAoe* claro que o filme não se preocupou em musirar o negro reagindo diante da agressão racial, preterindo revelar os sentimentos do branco diante do proble ma racial criado por seus antepassados tdo braiicol Ai o filme menle mais uma vez. t mente descaradamente ao apre sentar uma cidade do interior — por luso mOMDO mais tradicional no racismo camutlado que existe cm nosso país- — unde so uma pessoa, o coronel Cheiroso. ■ ra( isla (J resta é tudo santo, ne? K da raiva perceber que o filme lambAm pnfen esconder o racismo sob uma siiuitão de paternidade (nmum entre CPS noivos. K assim o film.- acaba justilicando que o coronel Cheiroso matou o padrinho de sua liiha, não por UT ele apoiado o casamento C o negro mas. porque o negro que era conhecido como filho do Jeca era na verdade seu próprio filho com uma mulher negra que ela tinha violentado o, portanto, união de Laura. sua filha, por quem Antenor estava apaixonado. Kica então a suposição de quo havia racumu sò na aparência. Ora, isso é conversa pra boi dormir, pois. na vida real o grilo que sempre pinta em cima de casamento misto é racismo no duro. E como não somos bois estamos contra essa mania de boiar panos quenu-s no racismo que sempre nos prejudicou e que e dificd de ser combatido camuflado como e. Salje Jeca. seu filme teotou brincar com um assunto que não pra isso. Por isso todo negro que ri ao ver seu filme está aceitando seu jogumho irrespoasa vel que tá ajudando a encobrir o ■acismo.
Benzer belgeler
OIiJIBJIEHHE
Hacren cb,lJ.e6eH 113ITbJIHf.!TeJIJIYl.J:l15I TACEBA, per. N2 737, PaMOH aa ,lJ.eilCTBl1eOC ,1J;06PWI,
rp. ,1J;06PWI, yJI. "reH.Kl1ceJIOB" 5, eT.4 JIoBHO-pI16apCKO zipyscecrao , TeJI. OSg 600313, c...
Helal Hafiz - PoemHunter.com
He studied at Netrokona Datta High School, Netrokona College and
University of Dhaka.
His first collection of poems: Je Jale Agun Jwale published in 1986 was the
best-selling Bengali book in Ekushe...
barómetro de mayo 2016 avance de resultados
La crisis de valores
La educación
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El Gobierno y partidos o políticos/as
concretos/as
El funcionamiento de los servicios
públicos
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